O fechamento de um terminal no terceiro porto de contêineres mais movimentado do mundo é só o mais recente sinal de que a desordem no transporte marítimo pode se estender até o ano que vem.
Trata-se de uma ameaça para o crescimento econômico, enquanto atrasos crônicos e uma disparada no custo de transporte podem impedir que a demanda seja atendida e aumentar os preços ao consumidor.
Um surto de coronavírus fechou parcialmente o porto chinês Ningbo-Zhoushan, na semana passada, e a suspensão resultante na entrada e saída de navios porta-contêineres reduziu a capacidade do porto em um quinto.
Isso se segue a outro surto na China em maio, que levou a um fechamento por três semanas do terminal de Yantian, em Shenzhen, causando efeitos colaterais no transporte marítimo internacional.
Uma alta incansável nos custos de transporte marítimo e os gargalos que persistem em portos de todo o mundo agravaram a barragem de problemas que afetam as cadeias de suprimento.
Eles incluem o aperto na oferta de semicondutores, o aumento nos preços das matérias primas, e a escassez de motoristas de caminhão em um momento no qual o varejo começa a formar estoques para a temporada de festas.
Alta dos preços
Importadores e exportadores estão batalhando para recuperar os custos causados pela alta nos preços do transporte marítimo, que dispararam para cerca de US$ 15,8 mil (R$ 83 mil) pelo transporte de um contêiner de 40 pés (12 metros) da China à costa oeste dos Estados Unidos — um aumento de 1.000% ante o preço anterior à pandemia, e de 50% nos últimos 30 dias, de acordo com a Freightos, que fornece dados sobre transporte marítimo.
As desordens começaram no segundo semestre do ano passado, quando a demanda por bens despencou, com a chegada da pandemia, e os transportadores cortaram viagens. No entanto, os consumidores, isolados em suas casas pelo lockdown, passaram a encomendar produtos online em volume sem precedentes.
Os esforços das companhias de navegação para atender à demanda foram prejudicados pelo bloqueio do Canal de Suez, em março, e pelo fechamento do terminal de Yantian, bem como por restrições de travessia de fronteiras e ausência de trabalhadores portuários.
Uma paralisação parcial por prazo indefinido em Ningbo-Zhoushan é o mais recente problema que pode aprofundar as dificuldades na logística mundial. As companhias de navegação já começaram a suspender as paradas de seus navios naquele porto chinês, perto de Xangai.
Espera
Cerca de 350 navios porta-contêineres, capazes de carregar quase 2,4 milhões de caixas metálicas de 20 pés estão esperando vagas para atracar ao largo de portos em todo o mundo, de acordo com a Vessels Value. O congestionamento vem se agravando, e a capacidade ociosa chega a 4,6% da frota mundial, ante 3,5% no mês passado, de acordo com dados da Clarksons Platou Securities.
Fonte: Folha
Foto: Envato